domingo, 8 de janeiro de 2012

A Máscara da Morte Rubra

A “Morte Rubra” havia muito devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o fim da doença não se passava mais de meia hora.

Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta, com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos. Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero dos que estavam fora ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores, dançarinos, músicos, beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a “Morte Rubra”.
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras


Que voluptuosa cena a daquela mascarada! Mas antes descrevamos os salões em que ela se desenrolava. Era uma série imperial de sete salões. Em muitos palácios, porém, esses salões formam uma perspectiva longa e reta, quando as portas se abrem até se encostarem nas paredes de ambos os lados, de tal modo que a vista de toda essa sucessão é quase desimpedida. Ali, a situação era muito diferente, como se devia esperar da paixão do príncipe pelo fantástico. Os salões estavam dispostos de maneira tão irregular que os olhos só podiam abarcar pouco mais de cada um por vez. Havia um desvio abrupto a cada vinte ou trinta metros e, a cada desvio, um efeito novo. À direita e à esquerda, no meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica dava para um corredor fechado que acompanhava as curvas do salão. A cor dos vitrais dessas janelas variava de acordo com a tonalidade dominante na decoração do salão para o qual se abriam. O da extremidade leste, por exemplo, era azul – e de um azul intenso eram suas janelas. No segundo salão os ornamentos e tapeçarias, assim como as vidraças, eram cor de púrpura. O Terceiro era inteiramente verde, e verdes também os caixilhos das janelas. O quarto estava mobiliado e iluminado com cor alaranjada. O quinto era branco, e o sexto, roxo. O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam do teto e pelas paredes, caindo em pesadas dobras sobre um tapete do mesmo material e tonalidade. Apenas nesse salão, porém, a cor das janelas deixava de corresponder à das decorações. Aa vidraças, ali, eram rubras – de uma violenta cor de sangue.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Pacto com o Diabo


É um acordo, trato ou barganha, pelo qual um ser humano conscientemente faz uma troca com o diabo, seja ele Lúcifer ou qualquer outro demônio, geralmente oferecendo sua alma para obter favores infernais mundanos.
Os pactos comumente são feitos para se obter: juventude, riqueza, conhecimento ou poder. Há ainda os casos de pessoas que fizeram um pacto apenas para oficializar a aceitação do diabo como seu senhor.
Pode ser oral: a pessoa se dirige para o local, geralmente uma encruzilhada, onde são realizados invocações, conjurações e rituais para atrair o demônio. Uma vez estando presente a entidade infernal, a pessoa pede aquilo que deseja, oferecendo sua alma em troca, um preço alto e perigoso a se pagar. Diz-se que, nos casos de pactos orais, os mesmo são selados por uma marca que o demônio deixa na pessoa ao tocá-la.
Os pactos também podem ser escritos. Utilizam-se os mesmos meios de atrair o ser iníquo, mas a barganha se realiza mediante a assinatura de um contrato. A respeito do contrato e da assinatura, há algumas divergências entre os demonologistas. Alguns alegam que todo o ato deve ser escrito com o sangue da pessoa que invoca o ser das trevas. Outros, que apenas a assinatura é feita com o sangue do feiticeiro. Outros dizem ainda que o contrato é escrito com sangue animal, e não humano. E outros dizem que o ato é escrito com tinta vermelha e assinado com o sangue. Outra versão explica que basta apenas que a pessoa solicitante do pacto assine seu nome no livro vermelho de Satanás.
Estabelecido o contrato, o demônio determina os termos da troca.