quarta-feira, 3 de abril de 2019

Anjos


Anjos são criaturas espirituais celestiais, eternas e imortais, dotadas de inteligência, emoções e vontade. Existem para glorificar a Deus e cumprir obedientemente sua vontade, agindo principalmente como seus mensageiros entre o mundo físico e espiritual.
A palavra anjo tem sua origem no termo grego ággelos, e na palavra hebraica malach, cujo significado é o mesmo: ”mensageiro”. Entretanto, para São Tomás de Aquino, grande expoente da angeologia cristã, anjo ou mensageiro é designação de encargo, e não de natureza. Anjo seria sua função, enquanto espírito seria sua natureza. Ou seja, é anjo por aquilo que faz, e é espírito por aquilo que é.
Os anjos estão presentes em várias culturas e são venerados nas principais religiões monoteístas como cristianismo, judaísmo, zoroastrismo e islamismo. Por exemplo: o livro bíblico de Lucas relata a visita do arcanjo Gabriel à Maria para anunciar que ela seria a mãe do Filho de Deus. Os muçulmanos também acreditam que foi o mesmo arcanjo Gabriel o comunicador da verdade divina ao profeta Maomé. Em ambos os casos, apesar do título de arcanjo, Gabriel atua como mensageiro, transmissor da palavra e das leis sagradas.


O arcanjo Gabriel visita Maria.
No cristianismo, são mencionados tanto no Antigo como no Novo Testamento. Agem como comunicadores da verdade divina, guias, guerreiros e executores celestiais da punição, bem como instrutores, protetores, tutores da humanidade. Acredita-se que o número de anjos existentes exceda imensuravelmente o de humanos que viveram, vivem e ainda vão viver.
 São Tomás dividiu os anjos, para melhor compreensão, em 9 coros ou Ordens Angélicas e em três hierarquias de acordo com suas funções: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados,  Arcanjos e Anjos. Cada uma dessas classificações será abordada com maior e minuciosa profundidade em postagens futuras, mas por ora cabe a nós saber que os anjos estão listados por último por ser a classe mais próxima do ser humano.

Jacó luta com o anjo. Ilustração Paul Gustave Doré.



Podem viajar na velocidade da luz, acessar almas humanas através de sonhos, inspirar governantes, cientistas e professores, proteger pessoas, guiar as almas a seu destino no pós-vida. São nossos aliados e companheiros, prestadores de um serviço silencioso, mas extremamente importante.
Segundo algumas crenças esotéricas, quando se observa com atenção, alguns sinais podem ser percebidos e entendidos como denunciadores da presença dos anjos em um lugar. Por exemplo, uma alma sintonizada com seu guardião pode notar perfumes como o de mirra ou lírios, ouvir pequenos sinos soarem, sussurros tranquilizadores ou melodias em sua mente, ver flashes ou luzes coloridas, bebês sorriem sem motivo e animais demonstram muita ternura, ter súbitas e inexplicáveis sensações de paz ou mesmo encontrar penas. Essas seriam algumas provas da presença de seu anjo da guarda.
Presentes em diversas culturas e crenças, os anjos comumente são retratados como figuras semelhantes a seres humanos, dotados de grande beleza, possuidores de asas e auréola sobre a cabeça.
Tal como acontece com boa parte dos seres sobrenaturais, os anjos sempre povoaram e fascinaram a mente humana. 



A arte explorou o tema amplamente desde tempos mais remotos até os mais atuais; por exemplo, em sua obra épica “Paraíso Perdido”, John Milton narra em versos sobre a criação do mundo, a convivência dos anjos no Paraíso, a queda de Lúcifer e segue até o retorno do Messias. Dante Alighieri igualmente faz uso de anjos em sua “A Divina Comédia”. Caminhando para a contemporaneidade, podemos citar o livro “Este mundo tenebroso” de Frank Peretti, que ilustra bem e de forma fascinante a realidade da batalha espiritual travada entre os seres da luz e os seres das trevas. Mesmo Anne Rice em suas sombrias Crônicas Vampirescas evocou criaturas angélicas em suas obras “Vittorio, o Vampiro e Memnoch”; anos depois, precisamente em 2009, quando vivia uma fase que parecia reconduzi-la à sua antiga fé católica, a autora lançou “O Tempo dos Anjos”, livro inicial da série “As Canções do Serafim” onde Malchiah, um poderoso e sábio serafim divide protagonismo com Tobey O’Dare, um assassino de aluguel que precisa trilhar seu caminho de redenção. Em 2010 Rice lançou “De amor e maldade”, continuação das aventuras de Malchiah e Tobey. Ainda no campo das obras internacionais, os anjos foram abordados em séries como “Fallen”, “Hush Hush” e “Beijada por um anjo”, entre muitos outros.

Anjos do poema épico O Paraíso Perdido, de John Milton. Ilustração de Gustave Doré. 

Aqui começa a saga de Malchiah e Tobey.   
 
No Brasil, embora o grande André Vianco tenha entre suas primeiras obras publicadas o intrigante “O Senhor da Chuva” onde, inspirado por “Este mundo tenebroso”, criou seu anjo Tao para combater a guerra espiritual entre Bem e Mal, foi Spohr com seu estreante e inigualável “A Batalha do Apocalipse: Da Queda dos Anjos ao Crepúsculo do Mundo” quem causou um divisor de águas, tanto por introduzir o mundo angélico na literatura nacional de forma brilhante e expressiva, quanto para dar ainda mais força às obras de fantasia brasileiras. O sucesso de ABDA permitiu ainda que Spohr pavimentasse seu caminho para mais três livros onde poderia expandir e aprofundar ainda mais esse universo de anjos que criou; A série Filhos do Éden (Herdeiros de Atlântida, Anjos da Morte e Paraíso Perdido) serve como uma espécie de prequel para A Batalha do Apocalipse. 

Tetralogia angélica do carioca Eduardo Spohr.




Nos quadrinhos os anjos são frequentes. Aparecem em Spawn, Motoqueiro Fantasma, Constantine, no manhwa Priest, entre outros.

Angela, anjinha seduzente caçadora de Spawns.
São peças importantes em seriados como Sobrenatural, apresentando vários anjos, entre ele Castiel, guia, protetor e amigo fiel dos irmãos Winchester, além de séries como “Lúcifer”, “Dominium”, “The Messengers” e “Saving Grace.”.


O Anjo do Senhor, Castiel, em toda a sua glória, antes de aprender os truques do cara da pizza. 


  
Anjo Amenadiel confrontando seu irmão mais novo, o capiroto, no seriado Lucifer. 














Nos games eletrônicos que abordam anjos em seus enredos podemos citar Castlevania, Darksiders, Diablo e Devil May Cry. Também há bons jogos de RPG seguindo a temática angélica.

Abaddon, anjo líder da Guarda Celeste no game Darksiders. 
Eva, anjinha mãe de Dante na saga Devil May Cry

No cinema, grandes obras disponíveis a respeito são: Anjos Rebeldes, Cidade dos Anjos, Legião, Dogma, Gabriel, A Vingança de um Anjo.” 

Antes de se consagrar como Aragorn, ele viveu Lúcifer no filme Anjos Rebeldes.   
Arcanjo Gabriel no filme Legião.   



A música, principalmente o rock, evoca constantemente a figura dos anjos, e os pintores e desenhistas sempre retrataram os anjos, principalmente os artistas sacros.
Agindo de acordo com o que parece uma espécie de senso comum, contrariando toda a imagem benigna e perfeita que é atribuída a essas criaturas, a modernidade tem, por meio da ficção, representado os anjos como seres falíveis, que podem ser corrompidos mediante poder, independente de quão bons ou leais forem. Talvez explorar esse lado sombrio dos seres alados, fazê-los suscetíveis ao erro e a manchas, obscuros, seja uma forma de tentar humanizar entidades divinas que nunca foram nem jamais serão humanas.

Milhares de criaturas espirituais caminham invisíveis sobre a Terra, tanto quando dormimos, como quando estamos acordados.”
(Milton)



Referências