quinta-feira, 13 de março de 2014

Eu Sou




Ao contrário do que pensam, não sou realmente o Fim.
Eu sou o recomeço,
Sou o dia e a noite,
Sou Aquela que não faz distinção entre os homens.

Eu sou o frio que penetra os ossos,
A lágrima dos desesperados,
O grito dos esquecidos.

Eu sou o leão faminto que ruge,
Sou a calmaria que precede a tempestade,
O predador que nunca erra o bote.

Eu sou a fraqueza dos fortes
E a força dos fracos.
Sou o lobo uivando para a lua cheia.

Eu sou o voo às cegas,
A queda livre no abismo.
Sou o alívio dos enfermos
E o temor dos sadios.

Eu sou a ponte entre luz e trevas,
O anjo de asas negras em cujo ombro
Ninguém quer acolher.

Sou o pensamento sinistro rondando a mente,
O calafrio desagradável, e o inesperado eriçar de cabelos.
Sou a madrugada insone,
A dor que desafia a fé.

Eu sou a doença a afligir quem você ama,
O inimigo que não se pode vencer.
O terror milenar dos primogênitos,
A única certeza nessa existência tão incerta.

Sou eu quem separa o joio do trigo,
Devoro sonhos, dias, esperanças.
Sou o Mal oportuno
E a guardiã do equilíbrio.

Sou o sopro apagando as velas,
O corvo indesejável crocitando na solidão.
Sou os olhos brilhando nas sombras,
Sou quem subverte toda a inocência.

Eu sou a praga imortal,
Que aterroriza anjos e demônios.
Sempre sou bem vinda no Céu e no Inferno,
Sou a verdade e a mentira, o real e o imaginário.

Eu sou o veneno e a cura,
O preço que todos têm de pagar.
Sou o caçador invisível a olhos humanos,
O mesmo que fecha seus olhos por toda a eternidade.
Sou quem toma vidas impunemente desde tempos imemoriais.
Chamam-me de Morte,
E, mais dia ou menos dia,
Nosso encontro será inevitável.


Danilo Alex da Silva